Sismologia da performance - NAPEDRA 20 Anos

Início
segunda-feira, 22 Novembro 2021, 13:45
Período
22-11-2021 - 10-12-2021
Local
online

Via Zoom - bit.ly/napedra

No Youtube - https://www.youtube.com/channel/UCcmmeOVL_9x0NvUivBOf6Yg

Programação Completa

Em 2001, a partir da iniciativa dos participantes de uma disciplina optativa do PPGAS/ USP, interessados em explorar uma série de questões além do âmbito disciplinar, surge o Napedra. A disciplina se chamava Paradigmas do teatro na antropologia. Decidimos aprofundar nossos estudos nas interfaces de antropologia e performance, alternando estudos de textos relevantes à antropologia da performance com experiência em campo de eventos performáticos.

Coordenado por John C. Dawsey, o Napedra surge do encontro de antropólogos em busca de conhecimentos produzidos nas oficinas de arte, com artistas em busca dos saberes associados ao ofício dos antropólogos. Trata-se do primeiro núcleo de pesquisa em antropologia e performance no Brasil.

Sismologia da performance. O Núcleo de Antropologia, Performance e Drama (Napedra), cuja sigla evoca uma imagem geológica, nasce dos ecos de um movimento sismológico no próprio campo da antropologia. Nele ressoam os sons e ruídos de uma “virada performativa” na antropologia, que se inicia nos anos 1970, envolvendo um número significativo de pesquisadores.

Entre as artes e as ciências, o conceito de performance adquire formas variadas, cambiantes e híbridas. Há algo de não resolvido neste conceito que resiste às formulações definitivas e delimitações disciplinares. A partir de diferentes campos do saber e expressão artística – teatro, música, artes performativas, antropologia, sociologia, psicanálise, linguística, estudos decoloniais, feminismo, teoria queer – formula-se o conceito de performance.

O Napedra tem sido pioneiro em estudos de performance na antropologia brasileira. Organizou eventos que marcam o campo da antropologia da performance, tais como o Encontro Internacional de Antropologia e Performance – EIAP (2011), o I Encontro Nacional de Antropologia e Performance – ENAP (2010), e os Encontros com Richard Schechner (2013). Propôs os primeiros fóruns de pesquisa e grupos de trabalho em estudos de performance da Associação Brasileira de Antropologia (ABANNE 2003; RBA 2004, 2006, 2012) e da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Ciências Sociais (ANPOCS 2005, 2006, 2007). Organizou fóruns de pesquisa e grupos de trabalho no Primeiro Congresso Latinoamericano de Antropologia (ALA 2005) e Reuniões de Antropologia do Mercosul (RAM 2005, 2009). Em 2009, realizou o Colóquio do Napedra: Sons, Ruídos e Poéticas da Performance. De 2008 a 2013, desenvolveu o projeto temático Antropologia da Performance: Drama, Estética e Ritual (Fapesp 06/53006-2), período em que se destaca a participação de Regina Pólo Müller, como uma pesquisadora principal. Do projeto resultaram 22 livros, 81 artigos, 82 capítulos de livros, e 102 apresentações internacionais. Criou vínculos com NYU, Université Paris 8, EHESS, IUL-CRIA, UBA e outros centros de estudos de performance. Publicou as coletâneas Antropologia e performance: ensaios Napedra (Terceiro Nome, 2013), Antropologia e performance (dossiê da Revista de Antropologia, 2013) e Sismologia da performance: palcos, tempos e f(r)icções (dossiê da Revista Cultures-Kairós, 2016). De 2014 a 2020, organizou os eventos Napedra em performance: criações 1 a 11. E, agora, em 2021, Sismologia da performance: Napedra 20 Anos.

Novos grupos e programas de pesquisa foram criados por membros do Napedra, contribuindo para a formação de um campo. Em destaque, o Núcleo de Antropologia do Direito (NADIR), na USP, por Ana Lúcia Pastore Schritzmeyer; o Núcleo de Antropologia da Imagem e Performance (NAIP), na UNESP, por Edgar Teodoro da Cunha; o Grupo Ritual, Festa e Performance, na UFS, por Euf rázia Cristina Menezes Santos; o Grupo Antropologia em Contextos Islâmicos e Árabes (GRACIAS), na USP, por Francirosy Campos Barbosa; o grupo de pesquisa MOTIM – Mito, Rito e Cartografias Feministas nas Artes, na UERJ, por Luciana de Fátima Rocha Pereira de Lyra; o Grupo Terreiro de Investigações Cênicas: Teatro, Brincadeiras, Rituais e Vadiagens, na UNESP-SP, por Marianna F. M. Monteiro; o grupo Poéticas do Corpo, na UnB, por Rita de Cássia de Almeida Castro; o Programa de Pós-Graduação Interdisciplinar em Performances Culturais da UFG, por Robson Corrêa de Camargo; o grupo de Pesquisas em Antropologia da Música (PAM), na USP, por Rose Satiko Gitirana Hikiji; e o Núcleo de Estudos sobre Performance, Patrimônio e Mediações Culturais (NEPPAMCs) da UFMG, por Rubens Alves da Silva.

Em 1977, desponta no universo da antropologia um dos centros gravitacionais, ou remoinhos, de um campo emergente. Victor Turner, um antropólogo em busca de saberes das artes da performance encontra-se com Richard Schechner, um diretor de teatro que, na sua relação com Turner, torna-se aprendiz da antropologia. Trata-se, na experiência do Napedra, de um ponto luminoso que serve de referência para uma das constelações de estudos de performance. Isso, num universo em expansão e descentrado.

Novos horizontes se abrem. Ganham força no Napedra estudos de filmes, imagens, performances narrativas, corpos em cena, teoria queer, necropolítica, cartografias feministas, etnografias à deriva, performances decoloniais, estudos amefricanos, perspectivismo ameríndio, antropoceno, afrofuturismo. Desde a sua criação, chama atenção as aproximações de pesquisadores do Napedra com o pensamento de Walter Benjamin, ensaiando possíveis antropologias benjaminianas. Também merece atenção a aproximação do Napedra, desde 2007, com o Núcleo de Artes Afro-Brasileiras e com Luiz Antonio Nascimento Cardoso, o Mestre Pinguim, que, ao longo de mais de duas décadas, atua num dos espaços mais significativos de performance e criação de saber na USP.