Arte/Divulgação: Vanessa Munhoz • Comunicação do LISA
Revisões: Rose Satiko • Coordenadora do LISA
Publicação: 11/06/2025
"São Palco - Cidade Afropolitana" recebeu o prêmio do público para longa-metragem na Competição Territórios e Memória da 14º Mostra Ecofalante, o mais importante evento sul-americano para a produção audiovisual ligada às temáticas socioambientais. A cerimônia de premiação aconteceu na noite do dia 8 de junho de 2025, no Reserva Cultural em São Paulo.
O troféu entregue por Hermano Penna, cineasta homenageado da 14° Mostra, circulou entre os protagonistas presentes no evento: Shambuyi Wetu, Sassou Espoir, Edoh Fihon, Yannick Delass e Rose Satiko Hikiji, co-diretora do filme e professora do Departamento de Antropologia da USP. A arte afrodiaspórica ganha mais um palco, desta vez no cinema.
Produzido pelo Laboratório de Imagem e Som em Antropologia (LISA-USP), o filme questiona e reflete sobre o que artistas africanos, que chegam ao Brasil nos últimos anos, carregam consigo na travessia? Como dialogam as diásporas africanas – a nova diáspora criativa e a que fez do Atlântico um cemitério? Que palcos são ocupados, construídos, preenchidos com as performances dos artistas que atravessam o oceano? Ancestralidades atualizadas em performances que constroem um presente afropolitano em uma metrópole em que é necessário ser atrevido, colorir o cinza. "São Palco – Cidade Afropolitana" apresenta a cidade de São Paulo como um meta-palco ocupado por artistas do Togo, Moçambique, República Democrática do Congo e Angola, entre outras nações africanas, em diálogo com a população brasileira e suas aberturas, contradições e tensões.
Dirigido por Jasper Chalcraft e Rose Satiko Gitirana Hikiji, o longa-metragem é fruto da pesquisa "Ser/tornar-se africano no Brasil: Fazer musical e patrimônio cultural africano em São Paulo", realizada pelos diretores do filme junto ao projeto temático apoiado pela FAPESP "O musicar local: novas trilhas para a Etnomusicologia", que tinha como objetivo pensar os significados do fazer musical para uma nova e crescente geração de imigrantes africanos no Brasil, especificamente em São Paulo (https://afrosampas.org/). Desde 2015, os pesquisadores observaram como o musicar africano em São Paulo cria mundos de imaginação e potencialidade política, espaços para a solidariedade, habitados por entidades africanas e afro-diaspóricas da história passada e presente, de lutas e manifestações artísticas anticoloniais, antiescravistas e afropolitanas (Mbembe, 2015). "São Palco - Cidade Afropolitana" acompanha alguns dos artistas e músicos que chegaram ao país na última década, observando sua atuação na cidade de São Paulo, sua relação com as políticas raciais e culturais do país, com as instituições culturais e os movimentos sociais. São palcos em eventos artivistas ou solidários, são palcos ocupados e construídos, são atos de resistência e existência.
Fotos de Marcos Finotti