LISA e NECAAB convidam para os Encontros de Artes Afro-Brasileiras na USP


Por Vanessa Munhoz • Comunicação do LISA
Publicação: 17/09/2025


Início
Período
24-09-2025 - 26-09-2025
Local
NECAAB - USP: Av. Lucio Martins Rodrigues, Travessa das Nações, Butantã, SP

Entre os dias 24 e 26 de setembro de 2025, o Núcleo de Artes Afro-Brasileiras da Universidade de São Paulo (NECAAB) realizará os Encontros de Artes Afro-Brasileiras, com apoio do Laboratório de Imagem e Som em Antropologia da Universidade de São Paulo (LISA-USP), Programa de Pós-graduação em Antropologia Social (PPGAS-USP), grupo “Pesquisas em Antropologia Musical” (PAM-USP) e Núcleo de Antropologia, Performance e Drama (NAPEDRA-USP).

A edição deste ano tem como tema “SEM CHÃO NÃO TEM ANGOLA” e as atividades incluem expressões artísticas, saberes tradicionais, práticas decoloniais e tecnologias ancestrais cultivadas ao longo de quase três décadas na USP. Será uma oportunidade para aprender com mestres e mestras guardiões desses saberes e para debater a centralidade do território na preservação da memória, na transmissão de saberes e no fortalecimento das lutas negras. A programação será gratuita e aberta ao público. Confira:

Dia 24 - Axé, palavra e presença. O chão da nossa cultura interpretado pelos mestres e mestras
18h | Casa aberta!
18h30 | Apresentação artística do Grupo de Capoeira Angola Guerreiros de Senzala
19h | Performance: Quem Apaga o Fogo é Água, com @aya.danca
19h30 | Fala de abertura de Mestre Pinguim @pinguindabahia
Roda de conversa com mestres e mestras da capoeira e samba de roda
Samba Chula com @mestrazeliadoprato e @mestreaurinodemaracangalha

Dia 25 - Imagens e Experiências
14h30 | Oficina de House, com @aliwmartins
16h | Mostra Audiovisual “Imagens e Experiências”, com mediação de @aline_fatimarte
17h30 | Oficina Estamparia Artesanal em Tecidos: Poéticas da Ancestralidade, com @robertosantosarteoficial
19h | Performance: O Fogo Que Lhe Entrego, Naflá @flaflefli
Palco aberto!

Dia 26 Caruru de Cosme e Damião
10h | Casa aberta! Feitura do caruru
18h | Caruru das crianças
19h | Abassá da Capoeira
Samba Chula com Mestra Zélia do Prato e Mestre Aurino de Maracangalha
21h | Show de encerramento com @aryanimarciano

 

 

Um dos destaques do evento será a Mostra Audiovisual “Imagens e Experiências”, no dia 25 de setembro de 2025, das 16 às 20 horas. Com curadoria de Aline Fátima e Rose Satiko Gitirana Hikiji, os filmes selecionados revelam a força das práticas culturais afro-brasileiras na produção de sentidos, na invenção de mundos e na resistência cotidiana frente às tentativas de apagamento, tendo como objetivo abrir um espaço de atravessamento entre memória, corpo e território.

 

PROGRAMAÇÃO DA MOSTRA AUDIOVISUAL "IMAGENS E EXPERIÊNCIAS EM ARTES AFROBRASILEIRAS"
Curadoria: Aline Fátima e Rose Satiko Gitirana Hikiji

Imagens e Experiências em Artes Afrobrasileiras é uma instalação audiovisual que compõe a programação do Encontros de Artes Afrobrasileiras 2025 em parceria com a VIII Mostra USP Ecofalante e o LISA. 
Em um ano marcado por desafios institucionais envolvendo o espaço histórico do Núcleo de Artes Afro-Brasileiras dentro da Universidade, esta edição, com o tema Sem chão não tem Angola, propõe debater a centralidade do território na preservação da memória, na transmissão de saberes e no fortalecimento das lutas negras. Esta instalação tem o objetivo de abrir um espaço de atravessamento entre memória, corpo e território, os filmes selecionados revelam a força das práticas culturais afro-brasileiras na produção de sentidos, na invenção de mundos e na resistência cotidiana frente às tentativas de apagamento.

25 de setembro (quinta-feira) das 16h às 20h

Conversa 19h (Sala 1) - Mediadora: Aline Fátima

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Quem quiser me ver, vai lá em São Braz amanhã (2021)
Direção: Eliany Funari
Duração: 10’14’’
Guiada pelas narrativas da mestra sambadeira Dona Zélia do Prato, a câmera se deixa conduzir pelas sonoridades e afetos que sustentam gerações no Recôncavo Baiano, ressoando o chão fértil da ancestralidade.

 

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Caruru do Núcleo (2024)
Direção: Aline Fátima
Duração: 15’
A partilha do alimento torna-se rito e pedagogia, gesto de permanência que reafirma o NECAAB como espaço de encontro e de construção comunitária.


 

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Tabuluja (Acordem!) (2017)
Direção: Shambuyi Wetu, Rose Satiko Hikiji, Jasper Chalcraft 
Duração: 11'25''
Shambuyi Wetu, artista da República Democrática do Congo refugiado em São Paulo, constroi com suas performances narrativas sobre a experiência da diáspora e a situação do homme noir no mundo.

 

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Tudo tem Kusiwa (2016)
Direção: André Lopes e Dominique Tilkin Gallois
Duração: 25'
Os Wajãpi do Amapá têm seus padrões gráficos Kusiwa reconhecidos pelo Iphan como patrimônio cultural imaterial do Brasil. Em 2015, os jovens pesquisadores wajãpi decidiram mostrar em vídeo um pouco das características dessas marcas e seus donos, os cuidados e efeitos de sua utilização, e suas preocupações com a prática dessas pinturas nas novas gerações.

 

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Montando a Baiana (2024)
Direção: Aurélio Prates e Kelwin Marques
Duração: 12’32’’
Nos cortejos reais das Nações de Maracatu, em meados do século XX, a figura da Baiana passa a ser ocupada por travestis, frangos, e outros corpos para os quais a feminilidade não estava pressuposta.

 

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As placas são invisíveis (2024)
Direção: Gabrielle Ferreira
Duração: 24’
Cinco estudantes negras revelam como é estar dentro da Universidade de São Paulo, uma das instituições mais elitizadas do país, em 2015, num momento de ebulição da luta pró-cotas. (VIII Mostra USP Ecofalante)

 

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Adó, Mestre dos Sons (2025)
Direção: Jorge Vasconcelos (Lampa)
Duração: 33’
Mergulha na rica trajetória de Ediney de Sena, o Mestre Adó, uma figura emblemática da capoeira angola em Santo Amaro, no Recôncavo da Bahia. Dentre seus múltiplos saberes e habilidades, a maestria na lida com as sonoridades e as musicalidades ocupa lugar de destaque.

 

TEXTO CURATORIAL
por Aline Fátima

Imagens e Experiências em Artes Afrobrasileiras é uma instalação audiovisual que compõe a programação do Encontros de Artes Afrobrasileiras 2025, realizado bianualmente pelo Núcleo de Artes Afrobrasileiras da USP. A curadoria dos filmes exibidos conta com a parceria da VIII Mostra USP Ecofalante e do LISA.

Com o objetivo de abrir um espaço de atravessamento entre memória, corpo e território, os filmes selecionados revelam a força das práticas culturais afro-brasileiras na produção de sentidos, na invenção de mundos e na resistência cotidiana frente às tentativas de apagamento.

Cada obra apresenta uma entrada singular nesse campo de disputas e de celebrações. Em Quem quiser me ver vai lá em São Braz amanhã, guiada pelas narrativas da mestra sambadeira Dona Zélia do Prato, a câmera se deixa conduzir pelas sonoridades e afetos que sustentam gerações no Recôncavo Baiano, ressoando o chão fértil da ancestralidade. Em Caruru do Núcleo, a partilha do alimento torna-se rito e pedagogia, gesto de permanência que reafirma o NECAAB como espaço de encontro e de construção comunitária.

Os deslocamentos e diálogos transnacionais emergem em Tabuluja (Acordem!), onde corpos, performances e vozes cruzam fronteiras, revelando a potência das conexões entre África e diáspora. Já Montando a Baiana inscreve, no vestir e no ornamento, a força simbólica guardiã de memórias coletivas e de modos de existir que desafiam a homogeneização cultural.

O gesto de grafar, pintar e marcar se revela em Tudo tem Kusiwa, em que os saberes dos povos indígenas afirmam sua cosmologia no traço e na estética, lembrando-nos da pluralidade das matrizes que compõem a experiência brasileira. As placas são invisíveis, aponta a disputa por espaço na universidade pública, que se torna verdadeiramente fértil quando atravessada pelas experiências negras e periféricas. Já em Adó, Mestre dos Sons, a força da musicalidade e da sonoridade reafirma a centralidade dos mestres e mestras como pilares de continuidade da cultura popular afro-brasileira.