Dança do mapiko, com máscaras, retiradas de diversos lugarese situações: Kuntamulungu, Chimanyile (Tambalika), Yangua, Nantimbu (CAC). “Isto são coisas que se apanhou e depois [na montagem] juntamos tudo porque o assunto era o mapiko. Aqui, o administrador mandou-os estar ao sol, vê-se melhor a maneira como dançam, mas foi feito [encenado], viram-se para trás; quando fica escuro é porque as nuvens mudam de um momento para o outro. (...) Eu não queria interferir, não queria interromper. O Antonio [Jorge Dias] tinha um bocado mais de força, fazia mais impressão sendo homem, não é? (...) Uma coisa que aconteceu [em Nantimbu]: eles têm um pedido de chuva, uma canção, mas não queriam cantar isto sem ser verdade, e não era a altura certa, mas em setembro fomos a uma aldeia e eles disseram que sim, mas não estava ninguém quando chegamos. Encontramos as pessoas num caminho e eles foram cantando enquanto andavam. E de tarde choveu. Isso foi fantástico, ninguém esperava chuva em setembro” (MD). “Em quase todas as festas importantes das cerimônias de iniciação aparece o bailarino mascarado, o mapiko, que acabou por se tornar uma espécie de símbolo da força mística que permitiu ao homem encontrar o equilíbrio então perdido e que ambicionava recuperar. Ele é assim, de fato, o elemento-chave dos mistérios, e é à volta das máscaras e danças do mapiko, que gira todo o segredo dos homens” (MM III: 163-164).
Sinopse da coleção:
Entre 1958 e 1961, a antropóloga Margot Dias (1908-2001) realizou 28 filmes em Moçambique e Angola, pertencentes ao Arquivo Fílmico do Museu Nacional de Etnologia. Produzidas no contexto das “Missões de Estudos das Minorias Étnicas do Ultramar Português”, dirigidas por Jorge Dias, estas imagens constituem uma das primeiras utilizações do filme etnográfico no âmbito da antropologia portuguesa.
Esta edição inclui todos os filmes realizados naquelas campanhas de pesquisa, assim como a sonorização feita a partir das gravações de som nos mesmos terrenos pela própria Margot Dias. A identificação, a organização temática e a sonorização dos filmes foram asseguradas por Catarina Alves Costa.
Também se inclui, como extra, uma entrevista inédita a Margot Dias conduzida em 1996 por Joaquim Pais de Brito, então diretor do Museu Nacional de Etnologia.
Inclui brochura ilustrada de 76 páginas.
O Disco 1 pertence à coleção Filmes Etnográficos de Margot Dias.