Filme finalizado no LISA ganha menção honrosa no festival internacional do filme etnográfico da Alemanha

O documentário “Tecendo nossos caminhos”, curta-metragem finalizado no LISA-USP em 2019, ganhou menção honrosa no GIEFF 2022, tradução de “Festival Internacional do Filme Etnográfico da Alemanha”, que aconteceu na cidade alemã de Göttingen. O filme é dirigido pelos pesquisadores Marta Tipuici Manoki, mestranda do programa de pós-graduação em antropologia social da USP, e produzido por André Lopes, doutorando do mesmo programa, ambos sob a orientação do professor Renato Sztutman. Os dois pesquisadores da área de antropologia visual e etnologia indígena têm uma longa colaboração e já trabalharam em outros documentários produzidos pelo Coletivo Ijã Mytyli de Cinema Manoki e Mỹky, formado por jovens realizadores dos dois povos, e do qual fazem parte. 

O filme aborda a relação dos jovens Manoki com seu idioma indígena, que pertence a uma família linguística isolada. Atualmente apenas quatro anciões falam o seu idioma, um risco iminente de perderem essa importante dimensão de seus modos de existência. Decididos a retomarem sua língua com os mais velhos, Marta Tipuici, Cledson Kanunxi e Jackson Xinunxi, os três diretores do filme, decidem narrar em imagens e palavras seus desafios e desejos. A partir da analogia com a fragilidade do algodão que vira fio forte para suportar o peso na rede, a protagonista Marta Tipuici narra a resistência de seu povo, sua relação com a avó (que faleceu pouco tempo depois de ver o filme finalizado) e a esperança de voltarem a falar sua língua nas novas gerações. O filme foi resultado das oficinas de vídeo que André tem oferecido nos últimos anos nas aldeias manoki.

O filme foi finalizado em 2019 no LISA com o apoio do editor Ricardo Dionisio e, mesmo sem recursos externos para a realização da produção, o curta-metragem obteve reconhecimento em algumas instâncias: venceu o prêmio Eduardo Coutinho de melhor documentário nacional (festival de cinema de Alvorada – RS) e foi selecionado para diversos festivais de cinema nos Estados Unidos, Canadá, Rússia, Suíça, Chile e Alemanha, onde recebeu o último prêmio. 

Além da participação presencial de André Lopes e Typju Mỹky (integrante do mesmo coletivo de cinema indígena que representou sua prima Tipuici no evento), o festival alemão também contou com a participação presencial de outros dois pesquisadores do PPGAS-USP, o pós-doutorando Mihai Andrei Leaha e a doutoranda Paula Bessa Braz. Eles também apresentaram e discutiram seu filme etnográfico, realizado com o apoio do LISA: Canto de Família, finalizado em 2020. Paula e Mihai discutiram, ainda, os engajamentos colaborativos no processo de produção de um segundo filme, Drags In Da House, a ser lançado este ano, também com o apoio do LISA. Suas falas, "Filming (in) Times of Crisis: Reflecting upon visual politics and collaboration against controlling images in Brazil", de Paula Bessa Braz, e "Collaborative Engagements with the DIY Electronic Music Scene of São Paulo", de Mihai Andrei Leaha, foram apresentadas no simpósio Collaboration and Authorial Diversity in Film, evento que integrou a programação do Festival de Filmes Etnográficos de Gottingen. Nesse simpósio, Typjiu Myky e André Lopes também contribuíram com a fala "Collaborative Films in Indigenous Terms". Em seguida, os quatro pesquisadores apresentaram duas conferências também sobre antropologia colaborativa no Humboldt Forum, na cidade de Berlim. 


Os filmes citados podem ser assistidos no próprio site do LISA ou em seu canal no Vimeo. Para conhecer mais as produções do Coletivo Ijã Mytyli de Cinema Manoki e Myky, acessar o site: www.ijamytyli.org