Pesquisa sobre produção audiovisual indígena é contemplada no Prêmio Tese Destaque USP

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Autoria: Vanessa Munhoz • Comunicação do LISA | André Lopes • Pesquisador do Departamento de Antropologia da USP
Arte/Divulgação: Carlos Eduardo Conceição • Bolsista de Divulgação Científica do LISA
Publicação: 08/11/2024


É com grande satisfação que comunicamos que a tese de doutorado “Ijã Mytyli: Os Manoki e os Mỹky em seus novos caminhos-histórias audiovisuais” do pesquisador André Luís Lopes Neves, sob orientação do professor Renato Sztutman, recebeu o Prêmio Tese Destaque USP na área de conhecimento de Inovação.

André defendeu em 2023 a tese de doutorado em Antropologia Social na Universidade de São Paulo (USP) e, desde 2008, pesquisa e trabalha com os povos Manoki e Mỹky, no Estado do Mato Grosso. Além disso, desde 2011, vem realizando oficinas audiovisuais com outras cinco populações indígenas do Brasil, com atividades que envolvem produção, filmagem, edição e direção de vídeos de forma compartilhada. 

Durante a pesquisa de doutorado, André produziu dois longas-metragens e cinco curtas-metragens co-dirigidos por indígenas, que integram a sua tese. Além de método, o uso de recursos audiovisuais foi uma forma de mediação do estudo e apresentação de seus resultados. O pesquisador optou por utilizar as ferramentas audiovisuais para que a pesquisa fosse melhor compartilhada com os grupos, bem como para oferecer uma forma de contrapartida para as comunidades. 

A proposta metodológica do estudo foi deslocar o princípio “evans-pritchardiano”, segundo o qual o antropólogo deve estudar aquilo que encontra em campo, para escolher estudar e se aprofundar nos temas que os realizadores indígenas escolhem filmar em campo, sobretudo os elementos que são editados e incluídos nos filmes. Diversos assuntos foram temas da pesquisa antropológica, tais como as festas de ãjãí, que são os jogos de bola de cabeça (tema inédito na literatura etnográfica), e os rituais de iniciação dos rapazes à casa dos espíritos Jeta.

Com o aumento do interesse dos jovens pela produção audiovisual, durante a pesquisa foi criado o Coletivo Ijã Mytyli de Cinema Manoki e Mỹky, como forma de continuidade e dinamização e protagonismo indígena das atividades que já vinham acontecendo, sobretudo a formação de novos cineastas dentro das comunidades, realizadores que narram suas próprias histórias com seus equipamentos de captação e edição. 

O filme 

Os usos, significados e agências atribuídos pelos Manoki e Mỹky aos recursos audiovisuais têm mostrado que eles operam como mediadores cosmopolíticos amplificados de relações interespecíficas. Os cinemas (no plural) feitos pelos povos indígenas têm oferecido uma forma viável de conhecer de perto seus mundos e de aprender a cuidar melhor das nossas relações entre humanos e não humanos que co-habitam o nosso planeta.

A premiação contemplou teses defendidas entre 01 de janeiro e 31 de dezembro de 2023, que dentro de suas áreas de atuação, dialogam com as áreas distribuídas nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU.

Alguns dos filmes produzidos estão disponíveis no site do LISA